Mulher que levou morto ao banco para sacar aposentadoria indiciada

A polícia indiciou por tentativa de estelionato qualificado e vilipêndio de cadáver (desprezar ou humilhar corpo) a mulher de 58 anos que levou o cadáver de um idoso de 92 anos até uma agência bancária, no centro de Campinas (93 km de SP), no último dia 2.

A partir deste momento, ela é considerada oficialmente suspeita por ambos os crimes.

Segundo o delegado José Henrique Ventura, titular do Deinter 2 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2), a mulher prestou depoimento no 1º DP de Campinas, ontem sexta-feira (16).

Durante o interrogatório, informou o policial, ela teria negado os crimes — os quais vai responder em liberdade.

Josefa de Souza Mathias na saída da delegacia em Campinas; ela nega tentativa de fraude (Foto: Felipe de Souza/UOL)

A advogada de defesa, Andreza Carolina Dias Amador, afirmou que, por hora, não irá se manifestar sobre o caso, segundo ela, a pedido da própria cliente.

A polícia também investiga se a mulher, de fato, mantinha um relacionamento com o homem, um escrivão de polícia aposentado. 

Em seu primeiro depoimento à polícia, ainda no início do mês, ela afirmou manter um relacionamento estável com o idoso, há cerca de dez anos.

Fachada da agência do Banco do Brasil em Campinas (SP) onde uma mulher levou um idoso morto para sacar a aposentadoria dele; polícia civil investiga o caso (Foto: Luciano Claudino/Agência O Globo)

Um laudo entregue à Polícia Civil, na quinta-feira (15), indica que o idoso havia morrido cerca de 12 horas antes de seu corpo ser levado pela mulher até uma agência do Banco do Brasil, na região central de Campinas.

A causa da morte foi natural, ainda de acordo com o parecer.

A suposta companheira levou o idoso ao local para fazer prova de vida e tentar sacar a aposentadoria dele.

As investigações apontam que o escrivão aposentado morava sozinho, era viúvo e recebia visitas da mulher, quase vizinha dele, com certa frequência.

Ela [desempregada] ajudava ele a fazer algumas coisas. O pessoal do banco disse que ela ia quase todo mês com o idoso à agência. Mas quem movimentava o dinheiro era ele. Ela alegou ser companheira dele, mas não é assim uma coisa que se comprovou, não. Tudo indica que não”, afirmou ao Agora o delegado titular do Deinter 2.

Ainda segundo o policial, também foram ouvidos um segurança do banco, uma vizinha do idoso, além de funcionários da agência para onde o corpo foi levado.

Após analisar os depoimentos das testemunhas, a polícia “formou uma convicção” sobre o caso, indiciando por isso a desempregada.

A polícia também investiga se o corpo do escrivão aposentado foi amarrado em uma cadeira de rodas usada pela mulher para transportá-lo até a agência bancária.

Parece que ele [corpo] estava amarrado [na cadeira de rodas] com um lenço. Tudo isso estamos apurando para fechar [a investigação]”, afirmou o delegado titular do Deinter 2.

A polícia também aguarda imagens de câmeras de monitoramento para verificar se a mulher teria tentado usar terminais de autoatendimento, com as digitais do escrivão aposentado, para sacar dinheiro.

O valor da aposentadoria do homem não foi informado.

Ela também, segundo a polícia, entrou em contradição ao afirmar duas histórias sobre a última vez em que falou com o então companheiro.

Em uma delas, afirmou ter falado com o idoso na manhã em que o levou ao banco. Mas e outro momento afirmou que havia falado com ele na vérspera do ocorrido.

Ao chegar na agência, a desempregada teria tentado ser atendida rapidamente, passando a afirmar que o idoso estava passando mal, fazendo com que testemunhas acionassem o Samu.

Por causa das duas versões contadas pela mulher, além da suspeita de o idoso ter sido levado já morto ao banco, situação confirmada nesta quinta por meio de laudo, os GCMs decidiram apresentar o caso no 1º DP de Campinas

Com informações do São Paulo Agora

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