CARLOS BATALHA: JOÃO ALVES/ CASOS E CAUSOS

Meus amigos e minhas amigas, na nossa coluna, do último domingo na Folha de Sergipe, postamos aqui alguns causos do ex-governador João Alves Filho que nos deixou de forma muito triste na última semana. E, o que procuramos mostrar foi o outro lado de João, o lado alegre, carismático por demais, divertido, de bem coma vida. Ocorre que a coluna causou tremendo sucesso e vários foram os pedidos para que contássemos aqui novos causos envolvendo João Alves de já tão saudosa memória que nos deixou um vazio que dificilmente será preenchido.

CAUSO 1: Vamos lá: João gostava de brincar com o tempo, com a velhice chegando e ele sempre usava uma frase que foi pronunciada para ele pelo ex-presidente Tancredo Neves de que “o tempo é um canalha”! Então, ele contava que certa feita o Tancredo, enquanto governador de Minas Gerais, o recebeu e enquanto era recebido olhou para um porta-retrato. Todos sabem que Tancredo não tinha um fio de cabelo na cabeça e lá estava uma foto com um rapaz cabeludo e João ficou olhando para mesma quando Tancredo de repente percebeu e perguntou o porquê de João está tanto olhando para aquela foto. E afirmou: alí sou eu mesmo enquanto era cabeludo. A mudança deve-se ao fato do tempo ser um canalha. Foi quando João soltou aquela sonora gargalhada.

CAUSO 2: Em 2013, estávamos retornando da Manfredônia, na Itália, aí chegamos em Roma eu, Carlos Eloy, Walker Carvalho, Manuel Marcos, Antônio Hora e João Alves. O nosso voo faria uma conexão-escala e ficaríamos dois dias em Lisboa. Já o voo de João Alves era um direto para Salvador. Aí, na hora de despachar as malas João fez a maior confusão, discutiu com Walker sobre a realização de voo direto ou não, quando a moça da empresa aérea despachou todas as malas para o voo direto para a capital baiana.

O que aconteceu: nós tínhamos que ficar em Lisboa e apenas João teria que retornar diretamente para o Brasil. Descemos em Lisboa, ficamos dois dias com apenas a roupa do corpo, ficamos sem bagagens, Walker sem os seus remédios e aí tivemos que comprar ao menos uma camisa, cueca, pasta de dente e uma escova. Enquanto isso, João Alves certamente veio dormindo os sonos dos justos direto de Roma para Salvador. E, as nossas bagagens ficaram voando por aí, só recebemos em Aracaju com cerca de 10 dias depois.

CAUSO 3: Essa quem me contou foi o ex-presidente do Banese Jair Araújo, um grande amigo, uma grande figura. Já João Alves uma grande figura, um homem muito sério e com uma devoção muito grande à sua esposa Maria do Carmo. Aí, Jair e um determinado secretário, ao qual não recordo o nome, estavam na Praia de Copacabana e em um determinado momento passou uma carioca despojada, com uma toalha no ombro e Jair acompanha atentamente ela. Já doutor João esperando o táxi, quando é questionado por Jair. Governador, o senhor não está vendo essa beleza? Responde João: Claro que estou, estou vendo o Cristo, vendo o Corcovado, o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa. João Alves pode até ter olhado para a bela carioca, mas a dica não dava para ninguém.

CAUSO 4: Ano de 2006, João trabalhando na tentativa de sua reeleição ao Governo do estado de Sergipe e grande comitiva foi formada para visitar algumas cidades do Vale do Cotinguiba. João Alves quando viajava em visita aos municípios não parava para comer. Ele levava no carro um iogurte, um abacaxi, cortava em rodelas e pronto. Quem viajava com ele, já sabia o ritmo. Quem quisesse que levasse os seus alimentos. Neste dia, saímos daqui com destino a Santo Amaro aproximadamente às 08h, lá ao chegar, fomos recepcionados por uma mesa de café imensa. Foi quando João arregalou os olhos, mais quem foi que disse que alguém tomou café? Que nada, João cumprimentou a liderança do município e seguimos para Maruim. Chegando em Maruim, uma outra recheada mesa, idem idem.

Logo adiante, Rosário do Catete e outra mesa farta, com guloseimas e todos com fome. Quando os integrantes da comitiva pensavam em comer algo ouviam o grito de seguir viagem de João. De Rosário, seguimos para Pirambu, já no horário do almoço, uma outra maravilhosa recepção com quantidade enorme de alimentos. E, João diz: “Não temos tempo para almoçar, vamos seguir”!
Na sequência fomos para Japaratuba e o mesmo procedimento, nada de alimentação. Já as 16h, no município de Laranjeiras, e ninguém teve tempo de comer. Ao meu lado estava Jaime que era o motorista e mais duas pessoas: Roberto e um jornalista que me acompanhava fomos parar em uma churrascaria à beira da estrada próximo as 17h e pagamos. Tivemos que desembolsar para nos alimentar.

Enquanto isso, havíamos circulado por inúmeras cidades que nos serviram almoço. Mais João não nos permitia parar para comer. Porque segundo ele seria perda de tempo.

Esse era o grande João Alves. No próximo domingo, voltaremos com novos causos para vcs.

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